08 junho, 2008

A Palavra

Neste Blog recebemos esta semana um comentário, nem mais nem menos do que está a seguir transcrito.
O Sr. Padre Amaro achou tão interessante que abdicou da sua palavra habitual e fez questão de que fosse substituído pelo texto do comentário


PS. Seria muito bom seguirmos o exemplo e participar mais no nosso blog.

Estava a ler o Evangelho do Próximo fim de semana, e algumas considerações/actualizações sobre o mesmo...e deparei-me com um texto maravilhoso que se encaixa na perfeição nesta temática da COMUNIDADE... Não resisti a partilhar o mesmo convosco:«Jesus é o acontecimento máximo desta surpresa de Deus para nós! O Messias Esperado afinal… saiu bem Inesperado!!!No pedaço de evangelho de hoje, temos a narração do chamamento de Mateus, o cobrador de impostos. O objectivo não é contar como é que Jesus chamou Mateus ou como chama os seus discípulos, mas anunciar A QUEM é que ele chama! Que imprevisível, este Messias, que conta com os que não contam para ninguém… Chamar para discípulo um cobrador de impostos, ou seja, um odiado, um pecador público, aos olhos de toda a gente um “caloteiro”, um vendido aos romanos e traidor do seu povo!Era esperado um Messias puríssimo entre os puros, e cuja acção iria exterminar todos os impuros do seio do seu povo. Porque Deus queria acabar com o pecado, o Seu Messias havia de acabar com os pecadores. Esta era a lógica, tão nossa, tão nossa…Em vez disso, Jesus de Nazaré é o amigo de pecadores públicos, cobradores de impostos e prostitutas! Em nome do Deus que quer acabar com o pecado, recria os pecadores! O pecado não se destrói pela destruição do pecador, mas pela sua recriação. O Perdão é a força que destrói o pecado no íntimo do Coração do pecador. Esta é a Justiça de Deus que tantas vezes fala São Paulo: a Justiça que nos Justifica, não a justiça que nos julga e com a qual nos julgamos uns aos outros.Depois da escolha inesperada de Mateus, Jesus realiza um dos grandes sinais da presença do Reino de Deus entre nós: senta-se à mesa com “a laia” de Mateus… A mesa é o lugar da convivialidade, da festa, da partilha, da amizade… lugar da familiaridade nova de Deus connosco revelada em Jesus… “Sentar-se à mesa com eles” é uma das linguagens mais fortes para anunciar a proximidade do Reino de Deus nos evangelhos. E o grande anúncio continua a ser o mesmo: COM QUEM é que Jesus comia estas refeições…Ainda hoje celebramos o Memorial da Nova Aliança de Deus connosco à volta da mesa comum, a Mesa da Palavra de Deus, do Pão e do Vinho dos irmãos. Os fariseus ficaram escandalizados com Jesus… Coisa típica dos fariseus, ainda hoje. “Fariseus” significa, em hebraico, “santos”, “separados”… E imaginavam Deus “santo” como eles, com uma “santidade” que consistia na “separação” de todos os impuros e pecadores, pelo menos assim chamados segundo as suas próprias leis, lógicas devoções e rituais!Mas a Santidade de Deus não é a dos fariseus, é a de Jesus! A Santidade de Deus não consiste na “separação” do que não é “santo” mas no poder de Santificar, no poder de Amar sem medida e sem condições com um Amor capaz de fazer o milagre maior que é converter um Coração libertando-o do pecado e curando-o do egoísmo.Esta é a Santidade de Deus, aquela a que nós estamos chamados, e não aquela “santidadezinha” piedosa, piegas, sempre de mãos limpinhas, essa “santidadezinha bem-cheirosa” mais ao jeito dos fariseus do que de Jesus… E isto pode fazer-nos pensar no que se vive nas nossas comunidades… Quantas coisas se dizem e se ouvem…Nos evangelhos, os fariseus andam quase sempre “a murmurar”… E nas nossas comunidades?! As escolhas de Jesus, as suas companhias, os seus critérios… não continuam a escandalizar-nos a todos?! Pois é… Como é que podemos fazer das nossas comunidades lugares mais acolhedores para todos os “Mateus” do nosso tempo e para todos os da “sua laia”? Quando nos comportaremos como o Mestre?...Ajuda-nos, Senhor! Sozinhos, não somos capazes.»

Assinado ( P.R. )

Em nome da redacção da mensagem, obrigado P.R.
ficamos à espera de mais comentários