11 outubro, 2008

A Mensagem nº 44 de 12 Outubro de 2008


EVANGELHO – Mt 22,1-14


Naquele tempo,Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes:«O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho.Mandou os servos chamar os convidados para as bodas,mas eles não quiseram vir.Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes:‘Dizei aos convidados:Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos,tudo está pronto. Vinde às bodas’.Mas eles, sem fazerem caso,foram um para o seu campo e outro para o seu negócio;os outros apoderaram-se dos servos,trataram-nos mal e mataram-nos.O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos,que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade.Disse então aos servos:‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos.Ide às encruzilhadas dos caminhose convidai para as bodas todos os que encontrardes’.Então os servos, saindo pelos caminhos,reuniram todos os que encontraram, maus e bons.E a sala do banquete encheu-se de convidados.O rei, quando entrou para ver os convidados,viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial.E disse-lhe:‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’.Mas ele ficou calado.O rei disse então aos servos:‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores;aí haverá choro e ranger de dentes’.Na verdade, muitos são os chamados,mas poucos os escolhidos».

A Palavra


QUEM É QUE VAI PARTICIPAR NO BANQUETE?


Na primeira leitura, Isaías anuncia o “banquete” que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os Povos. Acolher o convite de Deus e participar nesse “banquete” é aceitar viver em comunhão com Deus. O que é viver em comunhão com Deus?
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade cristã de Filipos. É uma comunidade generosa e solidária.
O Evangelho sugere que é preciso “agarrar” o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso baptismo não é “conversa fiada”; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
O texto da primeira leitura constrói-se à volta da imagem do “banquete”. O “banquete” é, no ambiente sócio-cultural do mundo bíblico, o momento da partilha, da comunhão, da constituição de uma comunidade de mesa, do estabelecimento de laços familiares entre os convivas.
Ao homem basta-lhe aceitar o convite de Deus para ter acesso a essa festa de vida eterna. Aceitar o convite de Deus significa renunciar ao egoísmo, ao orgulho e à auto-suficiência e conduzir a existência de acordo com os valores de Deus; aceitar o convite de Deus implica dar prioridade ao amor, testemunhar os valores do Reino e construir, já aqui, uma nova terra de justiça, de solidariedade, de partilha, de amor. No dia do nosso Baptismo, aceitamos o convite de Deus e comprometemo-nos com Ele… A nossa vida tem sido coerente com essa opção?
Mais uma vez, a segunda leitura oferece-nos um excerto de uma carta de Paulo aos cristãos da cidade grega de Filipos. Estamos nos anos 56/57. Paulo está na prisão (em Éfeso?) por causa do Evangelho. Nesse momento difícil da sua vida apostólica, Paulo recebeu ajuda económica e, mais importante do que isso, a presença solidária e o cuidado de Epafrodito, um membro da comunidade, enviado para ajudar Paulo e para lhe manifestar a solicitude dos seus “filhos” de Filipos. O nosso texto é tirado do capítulo final da Carta aos Filipenses. Aí, num tom emocionado, Paulo agradece pelos dons recebidos e pela solidariedade que os cristãos de Filipos lhe manifestaram.
Paulo está manifestamente satisfeito pela ajuda recebida da comunidade cristã de Filipos. A alegria de Paulo resulta, não tanto da resolução das suas próprias necessidades materiais mas, sobretudo, do significado do gesto dos filipenses. O donativo enviado é sinal, não só da amizade que os cristãos da comunidade alimentam em relação a Paulo, mas também da solidariedade dos filipenses com o anúncio do Evangelho de Jesus. E isso, evidentemente, alegra o coração de Paulo.
Antes de mais, o nosso texto apela a que os cristãos tenham o coração aberto à partilha e ao dom. Ser cristão implica a renúncia a uma vida de egoísmo e de fechamento em si próprio… Implica abrir o coração às necessidades dos irmãos carentes e desfavorecidos e uma partilha efectiva da vida e dos bens. Numa época em que os valores dominantes convidam continuamente ao egoísmo, à auto-suficiência, à preocupação exclusiva com os próprios interesses, o gesto dos filipenses constitui uma poderosa interpelação.
A parábola do Evangelho explicita bem o cenário em que o próprio Jesus se move… Ele aparece, com frequência, a participar em “banquetes” ao lado de gente duvidosa e desclassificada, ao ponto de os seus inimigos o acusarem de “comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e de pecadores”. Porque é que Jesus participa nesses “banquetes”, correndo o risco de adquirir uma fama tão desagradável? Porque no Antigo Testamento – como vimos na primeira leitura – os tempos messiânicos são descritos com a imagem de um “banquete” que Deus prepara para todos os povos. Ora, Jesus tem consciência de que, com Ele, esses tempos chegaram; e utiliza o cenário do “banquete” para expressar a realidade do Reino (a mesa da festa, do amor, da comunhão com Deus, para a qual todos os homens e mulheres, sem excepção, são convidados). Para Ele, o sentar-se à mesa com os pecadores é uma forma privilegiada de lhes dizer que Deus os acolhe com amor e que quer estabelecer com eles relações de comunhão e de familiaridade, sem excluir ninguém do seu convívio ou da sua comunidade.

Padre Amaro Jorge scj

Para Meditar





O Regresso do soldado


Esta história é sobre um soldado que finalmente estava voltando para casa, após a terrível guerra do Vietname. Ele ligou para seus pais, em São Francisco, e disse-lhes: Mãe, Pai, eu estou voltando para casa, mas, eu tenho um favor a pedir-lhes. - Claro meu filho ( emocionados), pede o que quiseres! - Eu tenho um amigo que eu gostaria de levar comigo. - Claro meu filho, nos adoraríamos conhecê-lo!!!! - Entretanto, há algo que vocês precisam saber, ele foi terrivelmente ferido na última batalha, ele pisou em uma mina e perdeu um braço e uma perna. O pior é que ele não tem nenhum lugar para onde ir e, por isso, eu quero que ele vá morar connosco.
- Eu sinto muito em ouvir isso filho, nós talvez possamos ajudá-lo a encontrar um lugar onde ele possa morar e viver tranquilamente!. - Não, mãe não pai, eu quero que ele vá morar connosco! (emocionado e muito nervoso) - Filho, disse o pai, tu não sabes o que estás nos pedindo. Alguém com tanta dificuldade, seria um grande fardo para nós. Nós temos nossas próprias vidas e não podemos deixar que uma coisa como esta interfira em nosso modo de viver. Acho que deverias voltar para casa e esquecer esse rapaz. Ele encontrará uma maneira de viver por si mesmo. Neste momento, o filho desligou o telefone. Os pais não ouviram mais nenhuma palavra dele. Alguns dias depois, no entanto, ele receberam um telefonema da polícia de São Francisco. O filho deles havia morrido depois de ter caído de um prédio. A polícia acreditava em suicídio. Os pais angustiados voaram para São Francisco e foram levados para a morgue a fim de identificar o corpo do filho. Eles o reconheceram, mas, para o seu horror, descobriram algo que desconheciam:
O filho deles tinha apenas um braço e uma perna. Os pais, nesta história são como muitos de nós. Achamos fácil amar aqueles que são bonitos ou divertidos, mas, não gostamos das pessoas que nos incomodam ou nos fazem sentir desconfortáveis. De preferência, ficamos longe destas e de outras que não são saudáveis, bonitas ou "espertas" como "nós acreditamos que somos".