21 março, 2009

A Mensagem nº 66 de 22 de Março de 2009


EVANGELHO Jo 3. 14-21


Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos:
«Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna.
Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta:
a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras.
Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.

Reflectindo

Na reflexão, considerar os seguintes pontos:• João é o evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos homens o “caminho” da vida eterna… O Evangelho deste domingo convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.• O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e morte que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… O nosso texto, contudo, é claro: Deus ama o homem e oferece-lhe a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo homem que se obstina na auto-suficiência e que prescinde dos dons de Deus.• Neste texto, João define claramente o caminho que todo o homem deve seguir para chegar à vida eterna: trata-se de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” em Jesus não é uma mera adesão intelectual ou teórica a certas verdades da fé; mas é escutar Jesus, acolher a sua mensagem e os seus valores, segui-l’O nesse caminho do amor e da entrega ao Pai e aos irmãos. Passa pelo ser capaz de ultrapassar a indiferença, o comodismo, os projectos pessoais e pelo empenho em concretizar, no dia a dia da vida, os apelos e os desafios de Deus; passa por despir o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, os preconceitos, para realizar gestos concretos de dom, de entrega, de serviço que tragam alegria, vida e esperança aos irmãos que caminham lado a lado connosco. Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a converter-nos a Jesus e a percorrer o mesmo caminho de amor total que Ele percorreu.• Alguns cristãos vivem obcecados e assustados com esse momento final em que Deus vai julgar o homem, depois de pesar na balança as suas acções boas e as suas acções más… João garante-nos que Deus não é um contabilista, a somar os débitos e os créditos do homem para lhes pagar em conformidade… O cristão não vive no medo, pois ele sabe que Deus é esse Pai cheio de amor que oferece a todos os seus filhos a vida eterna. Não é Deus que nos condena; somos nós que escolhemos entre a vida eterna que Deus nos oferece ou a eterna infelicidade.
(In Eclésia)

Para Meditar




(História Brasileira)

O Bem-aventurado João Haroldo narra a história de um homem que vivia continuamente em pecado mortal.

Sua mulher, pessoa de angélica piedade, não podendo conseguir que ele mudasse de vida, obteve, à força de pedidos e súplicas, que rezasse uma Ave-Maria cada vez que encontrasse na estrada uma imagem da Santíssima Virgem. Mais por agradar do que por devoção, aquele desgraçado prometeu e cumpriu sua promessa.Um dia, quando ia para uma orgia, viu brilhar uma luz a pouca distância. Aproximou-se, como que impelido por mão invisível e misteriosa, e logo se lhe deparou uma estátua de Maria com Jesus nos braços. Segundo o seu costume, rezou a Ave-Maria. Mas quando ia acabar, reparou que o Menino Jesus estava coberto de feridas, das quais o sangue corria abundantemente. E pensou:— Ai de mim! São meus pecados que abriram estas chagas em meu divino Redentor.Estas reflexões arrancaram-lhe dos olhos lágrimas amargas. Mas o Menino Jesus desviou dele seu olhar. Então o pecador, com grande vergonha e confusão, dirigiu-se a Maria:— Mãe de misericórdia, vosso Filho me rejeita. Intercedei por mim, pois vós sois meu único refúgio.— Oh! Pecador ingrato! — respondeu-lhe Maria. — Chamais-me de mãe de misericórdia e me tornais a mais miserável das mães, renovando a Paixão de meu Filho e as angústias que nela sofri.Contudo, como Maria não pode despedir ninguém sem consolação, pôs-se a pedir a seu Filho por aquele pecador contrito. Jesus mostrava-se pouco disposto a perdoar. Então a Virgem compassiva, depondo o Menino Jesus no chão e ajoelhando-se a seus pés, disse:— Oh! Meu Filho! Não me levantarei enquanto não houver obtido o perdão para este infeliz.— Minha Mãe, nada posso negar-vos. Que este pecador chegue-se mais perto e venha beijar minhas chagas.Aquele homem, derramando lágrimas e arrebatado pela gratidão, aproximou-se do Divino Menino, cujas chagas se fechavam à medida que ele ia encostando nelas os lábios. Jesus dignou-se abraçá-lo, como sinal de reconciliação.A conversão daquele pobre pecador foi sincera e duradoura. Passou ele o resto da vida na prática de todas as virtudes cristãs e salientou-se por uma afetuosa gratidão para com Aquela que lhe restituíra, por um modo tão imprevisto, a amizade de seu Deus.
(Fonte: "Maria ensinada à mocidade" - Livraria Francisco Alves, Rio, 1915) narra a história de um homem que vivia continuamente em pecado mortal.Sua mulher, pessoa de angélica piedade, não podendo conseguir que ele mudasse de vida, obteve, à força de pedidos e súplicas, que rezasse uma Ave-Maria cada vez que encontrasse na estrada uma imagem da Santíssima Virgem. Mais por agradar do que por devoção, aquele desgraçado prometeu e cumpriu sua promessa.Um dia, quando ia para uma orgia, viu brilhar uma luz a pouca distância. Aproximou-se, como que impelido por mão invisível e misteriosa, e logo se lhe deparou uma estátua de Maria com Jesus nos braços. Segundo o seu costume, rezou a Ave-Maria. Mas quando ia acabar, reparou que o Menino Jesus estava coberto de feridas, das quais o sangue corria abundantemente. E pensou:— Ai de mim! São meus pecados que abriram estas chagas em meu divino Redentor.Estas reflexões arrancaram-lhe dos olhos lágrimas amargas. Mas o Menino Jesus desviou dele seu olhar. Então o pecador, com grande vergonha e confusão, dirigiu-se a Maria:— Mãe de misericórdia, vosso Filho me rejeita. Intercedei por mim, pois vós sois meu único refúgio.— Oh! Pecador ingrato! — respondeu-lhe Maria. — Chamais-me de mãe de misericórdia e me tornais a mais miserável das mães, renovando a Paixão de meu Filho e as angústias que nela sofri.Contudo, como Maria não pode despedir ninguém sem consolação, pôs-se a pedir a seu Filho por aquele pecador contrito. Jesus mostrava-se pouco disposto a perdoar. Então a Virgem compassiva, depondo o Menino Jesus no chão e ajoelhando-se a seus pés, disse:— Oh! Meu Filho! Não me levantarei enquanto não houver obtido o perdão para este infeliz.— Minha Mãe, nada posso negar-vos. Que este pecador chegue-se mais perto e venha beijar minhas chagas.Aquele homem, derramando lágrimas e arrebatado pela gratidão, aproximou-se do Divino Menino, cujas chagas se fechavam à medida que ele ia encostando nelas os lábios. Jesus dignou-se abraçá-lo, como sinal de reconciliação.A conversão daquele pobre pecador foi sincera e duradoura. Passou ele o resto da vida na prática de todas as virtudes cristãs e salientou-se por uma afetuosa gratidão para com Aquela que lhe restituíra, por um modo tão imprevisto, a amizade de seu Deus.
(Fonte: "Maria ensinada à mocidade" - Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)

16 março, 2009

A Mensagem nº 65 de 15 de Março de 2009


EVANGELHO Jo 2, 13-25


Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas:
«Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito:
«Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe:
«Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?» Jesus respondeu-lhes:
«Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus:
«Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?»
Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e nas palavras que Jesus dissera. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome.
Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém:
Ele bem sabia o que há no homem.

A Palavra



Costumamos limpar frequentemente as nossas casas. Assim, de vez em quando sentimos a necessidade de uma limpeza geral... lavamos as paredes... o tecto... os vidros... para tirar o mofo que foi se acumulando...


A Quaresma também é um tempo de purificação propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.
As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica: a Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo, também estavam a precisar de uma purificação...
Na 1a Leitura Deus proclama a LEI, como parte de uma Aliança.


- É um momento fundamental na história da Salvação. Deus apresenta-se desde o começo como Libertador:"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egipto"
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador", que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do Egito, queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.


- Os Mandamentos indicavam o caminho seguro para ser feliz e ser o Povo da Aliança, colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse compromisso: muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…


- Era necessário restaurar a antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…sobretudo no sentido do amor e da interioridade…libertando-a de todo formalismo.
Os 10 Mandamentos não são toda a Lei, apontam para o mínimo indispensável.
Precisava uma NOVA ALIANÇA… É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"


Na 2ª Leitura, São Paulo sugere uma conversão à lógica de Deus.Seu projeto de Salvação passa pela morte na cruz."Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e
loucura para os gentios" (1Cor 1,22-25)


No Evangelho, Jesus se apresenta como o novo TEMPLO… (Jo 2,13-25)


O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus. Todo judeu devia ir ao templo ao menos uma vez por ano para oferecer um sacrifício a Deus.
Estas ofertas para os sacrifícios faziam girar muito dinheiro... e provocavam abusos e exploração.
O gesto ousado de Cristo não é apenas zelo de purificação do templo.
É o grande sinal da morte e Ressurreição de Jesus. É anúncio da abolição do velho templo e do culto aí celebrado. O antigo templo já tinha concluído a sua função.
Surgirá um novo templo.


Jesus é agora o "lugar" onde Deus reside, onde se encontra com os homens.
É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.
Nós somos as pedras vivas desse Novo Templo.
- O nosso testemunho é sinal de Deus para os irmãos que caminham connosco?
- As nossas comunidades dão testemunho da vida de Deus?
- Qual é o verdadeiro "Culto" que Deus aprecia?
Certamente é uma vida vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores e convida-nos a purificar também o templo do nosso coração…


A Campanha da Fraternidade lembra-nos outro templo sagrado, muitas vezes profanado pela VIOLÊNCIA, ou pela ganância dos "vendilhões" de hoje.
A Pessoa humana é esse lugar sagrado, onde Deus quer ser respeitado…


Padre Amaro Jorge scj

Para Meditar


A águia e a renovação

A águia é a ave que possui a maior longevidade da espécie.Chega a viver 70 anos. Mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos 40 anos está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo curva-se. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é muito difícil! Então, a águia só tem duas alternativas: morrer... ou ...enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher num ninho próximo a um paredão onde ela nãonecessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico numa parede até conseguir arrancá-lo, sem contar a dor que irá ter que suportar. Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vaidepois arrancar as suas velhas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então mais 30 anos. Na nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação.Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nosdesprender de lembranças, costumes, e, outras tradições que nos causam dor.

Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz