21 junho, 2009

A Mensagem nº 79 de 21 de Junho de 2009







Evangelho S. Marcos 4,35-41




35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!”36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

A Palavra


ANO B – XII Domingo do Tempo Comum


«Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?»
Deus preocupa-se com os dramas dos homens? Onde está Ele nos momentos de sofrimento e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida? A liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe um caminho.
São tempos difíceis estes: as “tempestades” e as incompreensões inundam o ambiente. No mar da vida surge o perigo. A barca é frágil. Como será o futuro?
A fé de muitos naufraga diante das ameaças, dos problemas e das dificuldades da vida. Jesus navega com os seus e nele todos podemos encontrar alento para vencer todas as tempestades, porque vencedores na fé em Cristo, fortalecidos pela sua presença e o seu amor. Para nos questionarmos também hoje: quem é este homem que até o vento e o mar lhe obedecem?
Convivemos diariamente com realidades positivas e negativas, com “luzes” e “sombras”. Normalmente, as “sombras” marcam-nos muito e constituem uma fonte de preocupação e de inquietação… O terrorismo e a violência trazem-nos sofrimento e insegurança; as novas doenças geram medo e inquietação; as catástrofes naturais fazem-nos sentir impotentes e indefesos; as injustiças e arbitrariedades provocam revolta e descontentamento; o desmoronamento de velhas estruturas políticas e sociais provocam anarquia e caos; o fabrico e o comércio de armas de destruição em massa trazem-nos ansiosos e preocupados… Confusos e desorientados, viramo-nos para Deus… Por vezes, criticamos a sua indiferença face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe mostrar, de forma clara e lógica, como é que Ele devia actuar para que o mundo fosse melhor… A leitura do Livro de Job que hoje nos é proposta convida-nos, antes de mais, a não nos pormos em bicos de pés e a não exigirmos a Deus que actue segundo as nossas lógicas humanas.
Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?».
O lago a que chamavam “mar” recebeu a tempestade da noite. Na fragilidade da situação recorrem ao Salvador que adormecido parece distante da realidade que vivem. Acordam-no e apresentam os seus temores: “não te importas que pereçamos”? Só o medo pode fazer dizer estas coisas... já que os discípulos eram pescadores experimentados. E pensar que essa barca é símbolo da comunidade nascente…
No contexto do evangelho de Marcos, a barca representa esta comunidade nascente desamparada por tantas situações de perseguição e angústia. E este adormecer de Jesus torna-se momento pedagógico de contemplação: é confiança profunda, é certeza do seu ser, é a verdade de Deus ali presente. Tantas vezes na barca da nossa vida qualquer tempestade parece afundar-nos quando longe andamos da verdade de Jesus e da sua presença. Porque não confiar? Porque não depositar tudo em Jesus para que seja solução connosco de tudo o que nos atormenta? Porque perder a calma, se Jesus está por nós?

ORAÇÃO
É tarde a noite por onde navegamos. Sós e desamparados nada somos. Só por ti somos capazes de esperança. Só por ti somos capazes de ir mais longe. Só por ti podemos vencer. Contigo nenhuma tempestade nos desalenta. Por isso, sê bonança do nosso ser e existir. Sê paz no nosso caminhar. Sê certeza na nossa dúvida. Força no nosso desalento. Sê, Senhor, tudo em nós.

Padre Amaro Jorge scj

Para Meditar


A Pressa ás vezes tem razão de ser


António, um pai de família, certo dia, quando voltava do trabalho, conduzindo num trânsito bastante congestionado, deparou-se com um senhor que conduzia apressadamente. Vinha ultrapassando todos os que seguiam á sua frente, quando se aproximou do carro de António, deu-lhe uma tremenda gaitada, já que precisava atravessar para a outra pista de rodagem. Naquele momento, a vontade de António foi de insulta-lo e impedir sua passagem, mas pensou:
- Coitado! Se ele está tão nervoso e apressado assim... se calhar está com algum problema sério e está precisando chegar depressa ao seu destino, pensando assim, foi diminuindo a velocidade e deixou-o passar. Quando chegou a casa, António recebeu a notícia de que seu filho de três anos tinha sofrido um grave acidente e fora levado ao hospital pela sua esposa. Imediatamente seguiu para lá e, quando chegou, sua esposa veio ao seu encontro e o tranquilizou dizendo:
- Graças a Deus está tudo bem, pois o médico chegou a tempo para socorrer nosso filho. Ele já está fora de perigo. António, aliviado, pediu que sua esposa o levasse ao médico para lhe agradecer.
Qual não foi sua surpresa quando verificou que o médico era aquele senhor apressado a quem ele havia dado passagem!

Com Interesse


Como se vestir para ir à Santa Missa?

Muitos hoje se perguntam qual é a melhor forma de se vestirem para participar do Santo Sacrifício da Missa. Alguns procuram responder à estes afirmando que "tanto faz, pois o que importa é o coração". Mas o que dizem os documentos oficiais da nossa Santa Mãe Igreja à respeito disso?
O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: "A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede."
Para compreender o porquê o Catecismo afirma isto à respeito das vestes, é importante compreender o que é a Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa Missa no momento em que o pão e vinho tornam-se verdadeiramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). O Santo Sacrifício da Missa é incruento (ou seja, sem sofrimento nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário, tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos receber os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso o Sagrado Magistério nos ensina que "o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício." (Catecismo da Igreja Católica, 1367)
É preciso evitar, então, primeiramente as roupas que expõe o corpo de forma escandalosa, como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas convém que se evite também tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a alegria, a solenidade e o respeito - isto é, banaliza o momento sagrado.
O bom senso nos mostra, por exemplo, que partindo do princípio da solenidade, é melhor que se use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura, não se vai a um encontro social solene usando uma bermuda!
O bom senso nos mostra também que, partindo do princípio do respeito e da não-banalização do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam atenção para o corpo ou para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que uma blusa de alcinha; é melhor que utilize uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça estilo "mulher-gato" (isto é, apertadíssima); também é melhor que se utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do Internacional ou do Grêmio.
A questão se reveste de uma seriedade ainda maior quando se trata daqueles que exercem funções litúrgicas, tais como os leitores e músicos. Pois estes, além de normalmente estarem mais expostos ao público que os demais, acabam por serem também modelos.
É de acordo com este senso que até a pouco tempo atrás era comum se utilizar a expressão popular "roupa de Missa" ou "roupa de Domingo" como sinônimo da melhor roupa que se tinha. Quanto bem faria aos católicos se esta expressão fosse restaurada!
Quanto aos que afirmam que "o que importa é o coração", vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais externos a fé católica à respeito que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.
A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: "De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo." (Mane Nobiscum Domine, 18)
Concluímos com as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas fantásticas homilias, recordando seus tempos de infância: "Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor." Afirma ainda: "Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?" ("Homilias sobre a Eucaristia", Ed. Quadrante)