15 março, 2008

VIA SACRA 2008








Mensagem nº 17 de 16 de Março 2008


Evangelho (Mateus 21,1-11)
Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo-lhes: "Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! 3Se alguém vos disser alguma coisa, direis: 'O Senhor precisa deles’, mas logo os devolverá'".4Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: 5"Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta".6Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. 7Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou. 8A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!" 10Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: "Quem é este homem?" 11E as multidões respondiam: "Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia".

A Palavra

A liturgia deste último domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.

A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.

O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz entrega total.

Contemplar a cruz, onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver desta maneira pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.

Padre Amaro Jorge scj

Histórias para Meditar

O Tamanho da Cruz

Um rei muito justo e bondoso que fazia tudo pelos seus súbditos. Certa vez prometeu que levaria todos os que merecessem para uma terra maravilhosa onde viveriam com abundância e segurança. Mas, para merecer tal lugar, cada habitante deveria carregar uma cruz até a terra prometida, e isto significava uma caminhada de alguns dias. Todas as cruzes tinham o mesmo tamanho, o que causou um protesto por parte dos mais fraquinhos. Um deles, revoltado, resolveu dar um "jeitinho": pegou na sua cruz e, no meio da caminhada, resolveu serrá-la e diminuir-lhe o tamanho para o peso que ele achava ser o mais justo para a sua capacidade. Logo depois disto, todo o grupo se deparou com uma situação que os impedia de continuar a caminhada: havia um rio, com margens bem altas, íngremes e rochosas que impedia a passagem de todo o grupo. Foi quando um dos caminhantes teve a ideia de utilizar a sua cruz como ponte para atravessar o rio. Assim, todos descobriram que o tamanho da cruz era exactamente o da distância de uma margem a outra. Todos atravessaram o rio e continuaram a sua caminhada com as respectivas cruzes até a terra prometida. Todos, menos um, que perdeu a sua cruz levada pela correnteza do rio, que não conseguiu atravessar, por ser curta. A melhor maneira de se levar uma vida bem sucedida é encarar as crises como oportunidades e os obstáculos do caminho como pontes para o sucesso.