04 maio, 2010

A Mensagem nº 125 de 02 de Abril de 2010








EVANGELHO – Jo 13,31-33a.34-35




Quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus glorificado n’Ele.
Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também O glorificará em Si mesmo
e glorificá-l’O-á sem demora.
Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco.
Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos:
se vos amardes uns aos outros».



ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS
PARA
O 5º DOMINGO DO TEMPO PASCAL
(adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.


Ao longo dos dias da semana anterior ao 5º Domingo do Tempo Pascal, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
O ACOLHIMENTO FRATERNO.
Neste domingo, em que o Ressuscitado nos dá o mandamento novo, não seria uma boa ocasião, para aqueles que preparam a liturgia, de verem se a comunidade está suficientemente atenta ao acolhimento fraterno de todos e de cada um no seio da celebração? As maneiras de fazer podem ser diversas, mas a exigência é a mesma:
«Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».
ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
Deus, Pai do teu novo Povo, nós Te bendizemos por toda a obra que cumpriste com Paulo e Barnabé. Através deles, abriste às nações pagãs, de quem descendemos, a porta da fé.
Nós Te pedimos pelos pastores das Igrejas, a fim de que cheguem a designar “anciãos” como guias em todas as tuas comunidades.
No final da segunda leitura:
Deus que estás sentado no trono e que fazes novas todas as coisas, Pai do teu Povo, nós Te louvamos pela nova Jerusalém, a tua morada no meio dos homens, que se realiza cada vez que Te rezamos.
Nós Te confiamos os nossos irmãos e irmãs que estão em provação: que chegue o dia em que Tu lhes enxugarás as lágrimas dos seus olhos dissipando toda a tristeza.
No final do Evangelho:
Guiados pelo teu Espírito, nós Te glorificamos, Pai, com o teu Filho Jesus. Nós Te bendizemos pela teu glória, que é a tua presença vivificante, e na qual Tu comunicas connosco pela Palavra e pelo Pão. Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos fortaleça, para que possamos viver segundo o mandamento novo que nos deste pela palavra e pela vida do teu Filho Jesus.

( In página dos Dehonianos)




A chamada no meio da noite



Todos sabemos o que é um daqueles telefonemas no meio da noite. E naquela noite não foi diferente.Acordada de repente com o barulho, olhei para os números brilhantes do meu relógio. Pensamentos de pânico me ocorreram ao pegar o telefone estremunhada. "Está?" Meu coração disparou, apertei o telefone ao ouvido e olhei para meu marido, que agora se virava na cama. "Mãe?" mal conseguia escutar o sussurro . Mas imediatamente pensei na minha filha. Quando o som de uma jovem chorando desesperadamente se tornou claro através da linha, chamei o meu marido e apertei o seu pulso. "Mãe, sei que já é tarde. Mas não... não diga nada até eu terminar. E antes que me pergunte, andei a beber sim. Quase me despistei alguns quilómetros atrás e..."Comecei a respirar rápido e breve, soltei meu marido e coloquei a mão na testa. O sono ainda entorpecia a minha mente, e tentei lutar contra o pânico. Algo não estava bem. "Fiquei com tanto medo. Eu só conseguia pensar na dor que seria se um policia aparecesse na sua porta para dizer que eu estava morta. Quero... voltar para casa. Sei que fugir não foi certo. Sei que você está muito preocupada. Deveria ter ligado há alguns dias, mas estava com medo... medo..." Soluços de emoção profunda passaram pelo telefone e foram direto ao meu coração. Imediatamente imaginei o rosto da minha filha e minha mente turvada começou a clarear. "Acho...""Não! Por favor, me deixe terminar! Por favor!" implorou ela, não com raiva, mas cheia de desespero. Fiz uma pausa e tentei imaginar o que dizer. Antes que eu pudesse começar, ela continuou. "Estou grávida, mãe. Sei que não deveria beber .especialmente estando assim, mas estou com medo, mãe. Com muito medo!" A voz pausou novamente e mordi meus lábios, sentindo meus próprios olhos se encherem d'água. Olhei para o meu marido que dizia, "Quem é?" Sacudi a cabeça e como não pude responder, ele saltou da cama e saiu do quarto, voltando poucos segundos depois com o telefone móvel no ouvido. Ela deve ter ouvido o clique na linha porque continuou: "Você ainda está me ouvindo? Por favor, não desligue. Preciso de você. Eu me sinto tão sozinha." Apertei o telefone e olhei para o meu marido, pedindo sua orientação. "Estou aqui, eu não desligaria," disse eu. "Eu devia ter lhe contado, mãe. Sei que devia ter lhe contado. Mas quando conversamos, você não pára de me dizer o que fazer. Você lê todos esses panfletos sobre como conversar sobre sexo e coisas assim, mas só você fala. Você não me escuta. Nunca me deixa falar e dizer como me sinto. É como se meus sentimentos não fossem importantes. Você acha que sabe todas as respostas só porque é minha mãe. Mas às vezes eu não preciso de respostas. Só quero alguém que me escute." Engoli em seco o nó que tinha preso à garganta e olhei para os panfletos sobre como conversar com as crianças. "Estou escutando", sussurrei. "Sabe, lá atrás na estrada, depois que perdi o controle do carro, comecei a pensar no bébé e em cuidar dele. Então vi esta cabine telefónica e foi como se estivesse a ouvi-la pregando sobre como as pessoas não devem beber e conduzir. Então chamei um táxi. Quero ir para casa." "Que bom, querida", disse eu, sentindo uma enorme sensação de alívio no peito. Meu marido chegou mais perto, sentou-se ao meu lado e entrelaçou seus dedos nos meus. "Mas sabe, acho que posso conduzir agora." "Não!" disse eu bruscamente. Meus músculos se enrijeceram, apertei a mão do meu marido. "Por favor, espere o táxi. Não desligue até o táxi chegar aí." "Eu só quero ir para casa, mãe." "Eu sei. Mas faça isso pela sua mãe. Espere o táxi, por favor." Escutei o silêncio temerosa. Como não ouvi a resposta, mordi meus lábios e fechei os olhos. De alguma forma eu tinha que impedi-la de conduzir. "O táxi está a chegar agora." Só quando eu ouvi alguém ao fundo perguntando se foi dali que pediram um táxi é que senti a tensão passar. "Estou indo para casa, mãe." Clique e o telefone emudeceu. Saindo da cama, com lágrimas nos olhos, fui até o corredor e fiquei parada no quarto da minha filha de 16 anos. O silêncio era pesado. Meu marido veio atrás, colocou seus braços ao meu redor e apoiou seu queixo no topo da minha cabeça. Enxuguei as lágrimas do meu rosto. "Temos que aprender a escutar",disse-lhe eu Ele me virou para que eu olhasse em seus olhos. "Vamos aprender. Vais ver." Ele então me tomou em seus braços e enterrei a cabeça em seus ombros largos.Deixei que ele me abraçasse por um bom tempo, então virei-me e voltei a olhar para a cama. Ele me observou por um segundo e então perguntou, "Será que ela algum dia vai saber que marcou o número errado?"Olhei para a nossa filha dormindo na sua cama e depois voltei a olhar para ele. "Talvez não tenha sido o número errado afinal de contas.""Mãe, pai, o que estão fazendo?" a voz abafada da jovem saiu de debaixo dos cobertores.Fui de encontro à minha filha, que estava agora sentada olhando no meio da escuridão. "Estamos praticando", respondi eu."Praticando o quê?" disse ela voltando a deitar-se, com os olhos já fechados de sono.




"A Escutar"……………… sussurrei passando a mão em seu rosto.

Mãe




Mãe está sempre presente



A revolta, raiva ou indignação comuns de quem perdeu um filho não fazem parte dos sentimentos de Graziela Gilioli. O sentimento desta mãe que perdeu um filho na luta contra o cancro é de «saudade» e «muito orgulho» em ter sido mãe de Alexandre.
Seis anos após a morte do filho, Graziela passa para as páginas de um livro a história do filho, da luta contra a doença e de como a família se ajustou à perda. Uma morte «silenciosa e quieta», como contou em entrevista à TVI.
Alexandre tinha 12 anos quando surgiram os primeiros sinais da doença. No final de uma corrida de kart, a mãe reparou que Alê, como tratava o filho, não estava feliz, apesar da vitória. Surgiram as primeiras queixas: dores nas costas, a que se seguiu sangue na urina.
Inicialmente pensaram tratar-se de uma infecção urinária, mas mais tarde o diagnóstico revelou-se bem mais preocupante. Alexandre tinha um cancro na glândula supra-renal esquerda.
Mais tarde surgiu um novo tumor perto do pulmão. «A respiração dele passou a ser muito suave, muito lenta e quase inaudível. A última vez que ele deu um suspiro foi muito leve e por isso eu digo que foi uma morte suave», explica Graziela.
«Alê, a mamã está aqui»
E o último suspiro de Alexandre foi dado ao lado da mãe. «Cheguei perto dele e disse "Alê, a mamã está aqui" e é como se num passo de mágica ele parasse de respirar, como se me tivesse ouvido», conta Graziela Gilioli.
A perda de um filho após uma doença prolongada é comparada pela autora de «O Meu Pequeno Médico» com a maternidade, na qual a mãe só materializa a ideia do filho ser um ser autónomo após o parto. «Durante a doença é como se fosse uma gestação. Fica-se aguardando o momento que vai ter um fim, mas quando isso se realiza você não consegue quase que acreditar», explica.
Vai fazer em Agosto sete anos que Alexandre morreu. «Revolta, raiva e uma certa indignação com a vida nunca tive», esclarece.
«Na verdade eu tenho muito orgulho em ter sido a mãe do Alexandre, porque ele me ajuda a ser uma pessoa melhor», acrescenta.
O nome do livro deve-se a tudo o que Gabriela aprendeu com o filho: «Ele é o meu pequeno médico porque me ensinou muita coisa. Eu estudei sociologia, administração de marketing, fiz MBA, mas tudo o que aprendi com o Alexandre em 20 meses de hospital não se compara com todos esses anos de estudo que tive».
Ainda presente todos os dias
A existência deste livro dá um novo sentido à vida de Graziela. «Cada pessoa que lê o livro conhece o meu filho. Então se as pessoas conhecem o Alexandre, mesmo através das minhas palavras, é como se ele estivesse mais neste mundo do que no outro», explica.
Para as outras mães que podem viver a situação da doença prolongada de um filho, Graziela deixa um conselho sábio: «Não economize os beijos, os abraços, as conversas, o ficar acordada a noite inteira. E deve aproveitar a parte boa da doença, que é a intimidade, a cumplicidade, e que é realmente conhecer o seu filho de uma maneira muito intensa e muito profunda».
Já para quem perde um filho, esta mãe que viveu esta experiência deixa palavras reconfortantes: «Pense sempre nele, porque assim ele vai estar sempre com você».