30 setembro, 2009

Reflectindo




“Quem não é contra nós, é por nós”
Jesus continua a formar os seus discípulos, com normas precisas e práticas: ser tolerantes para com os que vivem à margem da comunidade; viver na caridade e defender os pequenos do mal; estar de prevenção contra as tentações, sobretudo contra a da falsa segurança. O dito de Jesus ("Quem não é contra nós é por nós") não se pode ler na forma inversa e arvorar em bandeira de exclusões. Note-se que há uma infinita distância entre o "nós" deste rifão e o "Eu" da frase aparentemente contrária de Mt 12, 30 ("Quem não está comigo está contra Mim"): sem Jesus nada podemos fazer, mas o poder de Deus manifestado em Jesus não é propriedade privada dos discípulos... No Novo Testamento os "pequeninos" parecem ser os crentes de fé mais débil e insegura. À letra, o "escândalo" é a pedra ou obstáculo imprevisto que faz tropeçar quem caminha. Os "pequeninos" precisam de uma mão que os segure, de um olhar que os ilumine, de um pé que apoie os seus passos vacilantes. Quando a mão em vez de firmar empurra, o olho guia para as trevas e o pé rasteira ou agride o irmão, eis o escândalo. Há aqui um apelo a que os discípulos velem pelo seu comportamento tendo em conta a influência que ele pode ter no próximo. Não aconteça que, no orgulho da auto-suficiência, se tornem causa de ruína para os "pequeninos". "Geena" (um vale a ocidente de Jerusalém, outrora assinalado como lugar de sacrifícios humanos em honra de Moloc), no tempo de Jesus, era o local onde se queimavam os lixos da cidade. No nosso texto, "ser lançado na Geena" está em contraste com "entrar na vida" (o termo usado é zoê - em vez de bios - que no NT costuma designar a vida em comunhão com Deus).