19 abril, 2008

Histórias para Meditar

Sinais dos Tempos
( Experiência de uma Professora )


Há uns anitos atrás, talvez uns 20 ou 30 anos (pelo menos), o que era mais normal era ser católico, acreditar em Deus e seguir todos os preceitos da Igreja Católica. Quem fugisse deste cenário era, normalmente, apelidado, na melhor das hipóteses de "diferente" e na pior das hipóteses de "comunista", ou herege. E afirmo isto com conhecimento de causa própria, não porque alguém me contou. Hoje parece que é exactamente o contrário.
Esta semana havia uma tarefa importante para os alunos, cada um teria de enfrentar um auditório e fazer uma apresentação do seu trabalho. Coisa assustadora... "Oh professora, tem mesmo de ser?, "Eu vou morrer de vergonha!", "Eu vou engasgar-me!", "Que vergonha, oh professora!",... Enfim, todos se queixavam. Chegou a vez dele, um dos alunos mais "despassarados", mas sempre acreditei que fosse um bom rapaz, apesar dos desvarios próprios da idade.
Quando subiu o estrado benzeu-se, e ao tirar a mão do bolso deixou mostrar um terço que trazia escondido e que não largou durante a apresentação.
Risota geral na plateia, onde estavam os colegas... Alguns comentários menos agradáveis à sua fé e pouco compreensíveis vindo de jovens já perto dos vinte anos.
Ele não ligou. Continuou com a mão no bolso onde tinha o terço.
No fim, depois das palmas dos colegas que há pouco se tinham rido dele, veio ter comigo aflito: "Correu bem, professora?!", respondi-lhe que sim, que realmente se tinha portado bem. "Graças a Deus!", respondeu e olhou para cima, como que a agradecer.
Foi das melhores apresentações da turma. Teve ajuda divina? Não sei, mas de certeza que ao sentir a presença de Deus com ele, ajudou-o a pôr de lado os medos e os receios que os colegas tiveram e que foram notórios ao longo de todas as outras apresentações.Talvez seja próprio da idade, se calhar estes jovens ainda não tiveram a oportunidade de encontrar Deus, ou se calhar não O querem encontrar. Mas muitos deles já levam 8 anos de aulas de Religião e Moral, de catequese e até já foram crismados, por isso fiquei triste por estarem a gozar com um colega que trouxe um terço para o ajudar. Felizmente o meu aluno não se deixou intimidar. Fiquei muito contente com ele. Afinal, nos dias que correm, é mais problemático um jovem de 17 anos trazer um terço no bolso do que um cigarro na boca ou apanhar uma valente bebedeira...
Sinais dos tempos