30 dezembro, 2007

"A MENSAGEM " Domingo 30 de Dezembro 2007


"Ele será chamado Nazareno".

Evangelho (Mateus 2,13-15.19-23)
13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei o meu Filho". 19Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos". 21José levantou-se, pegou o menino e sua mãe, e entrou na terra de Israel. 22Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Por isso, depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galiléia, 23e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: "Ele será chamado Nazareno".

A PALAVRA

O texto da primeira leitura deste domingo apresenta uma série de atitudes que os filhos devem ter em conta nas relações com os pais.
A palavra que preside a este conjunto de conselhos do autor é a palavra “honrar” (repete-se 5 vezes, nestes poucos versículos). O que é que significa, exactamente, “honrar os pais”?
A expressão leva-nos ao Decálogo do Sinai (“honra teu pai e tua mãe” – Ex 20,12). Aí, o verbo utilizado é o verbo “kabad”, que costuma traduzir-se como “dar glória”, “dar peso”, “dar importância”. Assim, “honrar os pais” é dar-lhes o devido valor e reconhecer a sua importância; é que eles são os instrumentos de Deus, fonte de vida. Ora, reconhecer que os pais são o instrumento através do qual Deus concede a vida deve conduzir os filhos à gratidão; e a gratidão não é, apenas, uma declaração de intenções, mas um sentimento que implica certas atitudes práticas. O autor da primeira leitura aponta algumas: “honrar os pais” significa ampará-los na velhice e não os desprezar nem abandonar; significa assisti-los materialmente – sem inventar qualquer desculpa – quando já não podem trabalhar; significa não fazer nada que os desgoste; significa escutá-los, ter em conta as suas orientações e conselhos; significa ser tolerante para com as limitações que a idade ou a doença trazem…

Apesar da sensibilidade moderna aos direitos humanos e à dignidade das pessoas, a nossa civilização cria, com frequência, situações de abandono, de marginalização, de solidão, cujas vítimas são, muitas vezes, aqueles que já não têm uma vida considerada produtiva, ou aqueles a quem a idade ou a doença trouxeram limitações. Que motivos justificam o desprezo, o abandono, o “virar as costas” àqueles a quem devemos “honrar”?

É verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível profissional e que nem sempre é possível a um filho estar presente ao lado de um pai que precisa de cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto, a situação é muito menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio familiar (e o seu internamento num lar) resulta do egoísmo do filho, que não está para “aturar o velho”… Sem julgarmos nem condenarmos ninguém, que sentido é que faz “desfazermo-nos” daqueles que foram, para nós, instrumentos do Deus criador e fonte de vida?

Face à invasão contínua de valores estranhos que, tantas vezes, põem em causa a nossa identidade cultural e religiosa (quando não a nossa humanidade), o que significam os valores que recebemos dos nossos pais? Avaliamos com maturidade a perenidade desses valores, ou estamos dispostos a renegá-los ao primeiro aceno dos “valores da moda”?

O episódio do “Evangelho da Infância” apresenta-nos uma família – a Sagrada Família – que, como qualquer família de ontem, de hoje ou de amanhã, se defronta com crises, dificuldades e contrariedades (essas dificuldades que, em tantos outros casos, acabam por minar a unidade e a solidariedade familiar). No entanto, esta é uma família onde cada membro está solidário com o outro e está disposto a partilhar os riscos que o outro corre; esta é uma família onde cada membro aceita renunciar ao comodismo e sacrificar-se para que o outro possa viver; esta é uma família onde os problemas de um são os problemas de todos e onde todos estão dispostos a arriscar, quando se trata de defender o outro… Por isso, é uma família que se mantém unida e solidária. É assim a nossa família? Na nossa família há solidariedade? Sentimos os problemas do outro e empenhamo-nos seriamente em ajudá-lo a superar as dificuldades? Aquilo que acontece a um é sentido por todos? A nossa família é, apenas, um hotel onde temos (por um preço módico) casa, mesa e roupa lavada ou um verdadeiro espaço de encontro, de partilha, de fraternidade, de solidariedade, de amor?


Padre Amaro Jorge scj

HISTÓRIAS PARA MEDITAR

Falta de apetite?
Soube que tem um casal de filhos; mas, como não andam de bem um com o outro, não a visitam muitas vezes: não se querem encontrar!
E, enquanto isto, ela (de 80 e tais anos) vai definhando. As duas colegas de quarto sabem da sua carência de afecto e procuram dar-lho o mais que podem. Mas nem tudo podem fazer. As forças físicas delas são poucas ou nenhumas.
Ontem, à hora do almoço, entrei no seu quarto; as duas colegas já tinham almoçado, mas ela ainda continuava com quase tudo à frente.
"Então, não há apetite?"
"Não, não sou capaz de comer!"
Do lado sai um piropo: " O que ela deve querer é que lhe dêem o comer na boca!" Sorrimos todos.
"Ora vamos lá ver se alguma coisa começa a desaparecer de cima da mesa! Primeiro a sopa. Parece estar tão saborosa..." pego na colher e, na brincadeira, começo a dar-lha na boca. E não é que ela come?! Foram só 5 colheres, mas já foi bom.
Vejo uma taça cheia de fruta triturada. E também começo a dar-lha às colheradas, na boca. E foi toda.
Havia mais uma taça de pudim.
"Não, já não quero mais nada!"
"Olhe, só 3 colheres. Pode ser?"
"Mas só 3!"
"Tá bem. Vá lá: uma... ( e lá foi ela)... uma e meia... uma e três quartos... duas... duas e meia... duas e três quartos... três!" E foram sete colheres de pudim!
"Já não posso mais. Mas agora estou consolada!"
O que falta a esta doente não é o apetite: O que lhe falta é alguém que lhe dê atenção!
E os dois filhos continuam zangados, não aparecem porque têm receio de se encontrar um com o outro.
Que pena. Assim, a sopa, a fruta e o pudim continuam em cima da mesa sem que esta velhinha lhes consiga tocar.

NOTÍCIAS

· Como já anunciado no dia 13 de Janeiro haverá na Obra (ABC) um já habitual convívio (almoço) para todos quantos participam nesta comunidade Dominical.
As inscrições são após as missas na Sacristia.

· O Sr. Padre Amaro Jorge e a redação da mensagem renovam para todos os desejos de boas festas, que Jesus permaneça em vossos corações , e que o Novo Ano 2008 vos tragam tudo , o necessário para a vossa felicidade em harmonia com os outros na Graça do Senhor.

· O Grupo de catequese preparou com carinho a missa do galo mantendo assim viva a tradição.
Também foram pelas ruas da localidade a cantar as janeiras.Bem hajam pelo que estão a fazer