03 janeiro, 2010

Reflectindo

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR (adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)
A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao domingo da Epifania do Senhor (que inclui a viragem de ano com a Solenidade da Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz), procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.
GESTO PARA A LITURGIA DA PALAVRA.
Neste dia da Epifania do Senhor, onde tal for possível e se o presépio estiver perto da presidência, o Evangelho poderia ser proclamado diante do presépio, precedido de uma procissão do ambão para o presépio, com o Evangeliário e com velas acesas. Tal pode significar o caminho dos Magos para visitar o Menino, acolhendo aí a Boa Nova de Jesus dirigida a todas as nações.
ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.
No final da primeira leitura:
“Deus de luz, erguemos os nossos olhos para Ti, cheios de admiração. Nós Te bendizemos, porque a tua glória ergueu-se sobre nós, arrancaste-nos das trevas e pões-nos de pé, a caminho da nova Jerusalém. Nós Te pedimos pelos povos da terra que estão ainda nas trevas e pelas pessoas que conhecemos e que procuram a saída da escuridão”.
No final da segunda leitura:
“Pai de todos os homens, nós Te bendizemos pela revelação do teu mistério, pela promessa que destinas a todos os povos e pela herança a que tanto desejas associálos, na luz. Nós Te pedimos por todos os missionários que partiram para longe anunciar esta Boa Nova, através da palavra e de actos concretos”.
No final do Evangelho:
“Pai Nosso, único rei digno deste nome, nós Te louvamos pelos sinais que nos guiam para Ti e, sobretudo, pelo teu Filho Jesus, estrela que em nós está sempre presente, em todos os instantes da nossa vida. Nós Te pedimos pela tua Casa, que é a tua Igreja, e por todas as suas comunidades: que o teu Filho Jesus nos guie através da nova estrela que é o teu Espírito presente nas nossas vidas”.
BILHETE DE EVANGELHO.
A Epifania é feita de trevas e de luz. Herodes está nas trevas: cheio de inquietude e toda Jerusalém com ele… Ele convoca os Magos “em segredo”, fecha-se na mentira, fazendo crer que quer adorar o Messias enquanto procura fazê-lo matar. Os Magos, eles, estão na luz, vêm do país onde se levanta o sol, e uma estrela ilumina a sua noite. Põem-se a caminho, procuram, questionam. Esta luz para a qual eles tendem alegra-os. Então, prosternam-se diante d’Aquele que se dirá “a Luz do mundo”. Em toda a verdadeira relação há um intercâmbio. Então, Deus oferece ao mundo seu Filho como presente, os Magos abrem os seus cofres e oferecem-nos Àquele que eles consideram como Rei (ouro), como Deus (incenso) e como humano que é mortal (mirra). Nesse dia, Deus faz-Se reconhecer por aqueles que O procuram, enquanto os chefes dos sacerdotes e os escribas que pensavam tê-l’O encontrado ficam em Jerusalém e recusarão reconhecê-l’O.
À ESCUTA DA PALAVRA.
Diz-se que eram três reis vindos do oriente. O que é seguro é que não eram reis, mas sábios astrólogos. Porém, nesta Festa da Epifania, é de uma história de reis que se trata. Não são três, mas dois. Primeiro, o rei Herodes, “o Grande”. A ele se deve a reconstrução do Templo. Mas distinguiu-se, sobretudo pela crueldade e pelos seus crimes, matando mesmo três dos seus filhos para preservar o poder. E depois, há outro rei, aquele que os Magos vieram procurar. “Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer?” Esta simples questão basta para aterrorizar Herodes. Este título colar-se-á a Jesus até à cruz. Que imensa oposição entre estes dois reis! De um lado, a sede de um poder tirânico, o recurso à violência, à tortura, à guerra, à mentira… De outro lado, uma criança desprovida de qualquer poder, que terminará lamentavelmente na cruz. Como não reler a história da humanidade, inclusive a história das religiões, a esta luz? “Em nome de Deus” matou-se e trucidou-se tanta gente… E as coisas não parecem estar perto do fim! Reis, príncipes, papas, imãs… utilizaram o seu poder para impor a dita “verdadeira religião”. Os cristãos entraram igualmente nesse esquema. Mas cada vez que recorreram à violência, traíram, negaram, crucificaram Jesus, o rei sem poder. Jesus nunca recorreu à espada, nunca recomendou o uso das armas. É uma das maiores lições da Epifania: quando Deus se manifesta em Jesus, proclama alto e bom som que nunca esteve nem estará do lado dos poderosos, da força, do
terrorismo, da guerra. Ele não se defenderá, pois o seu poder está noutro lado. Possamos nós, com os Magos, vir sem cessar até Jesus, que nos apresenta Maria sua mãe, e, caindo de joelhos, dizer-lhe que é Ele que queremos seguir, Ele que, só, é verdadeiramente um rei “doce e humilde de coração”.

(In página dos dehonianos )