17 novembro, 2009

Reflectindo


1.ª Leitura (Dan 12, 1-3):

Nesse tempo, virá a salvação para o teu povo”O livro de Daniel é um expoente do género literário apocalíptico, típico do Judaísmo tardio, representado sobretudo por livros apócrifos. São conhecidas as suas imagens, as suas especulações sobre os números, as descrições de animais monstruosos e de anjos, os sinais premonitores do fim do mundo. Entretanto, o conteúdo fundamental da apocalíptica é expresso pelo significado desta palavra grega: revelação. Por meio de visões, sonhos, imagens e símbolos, o autor encoraja um povo duramente provado e perseguido, que receia ser aniquilado e "revela" que a angústia presente não só não impedirá a vitória decisiva e iminente de Deus, como até será caminho para ela. Estar "inscrito no livro" significa fazer parte do projecto de Deus, máxima garantia do bem. Segundo a angelologia apocalíptica judaica, cada nação tem o seu anjo tutelar. Entre estes destaca-se "Miguel", "comandante" dos exércitos celestes (cf. Dan 10, 13). "Vida eterna" e "vergonha (infâmia) eterna" explicitam a condição do homem perante Deus, após a ressurreição, conforme o papel desempenhado na vida presente. O nosso destino final não depende da "lei do mais forte" e dos poderes maléficos, mas de Deus que fará a revolução definitiva das sortes
.2.ª Leitura (Hebr 10, 13-14.18):
“Ele tornou perfeitos para sempre os que Ele santifica” Continua o confronto entre o sacerdócio do Antigo Testamento e o de Jesus: o 1º era hereditário e exclusivo dos membros da tribo de Levi, enquanto que o 2º depende de uma vocação; os sacerdotes do Antigo Testamento repetiam incessantemente os mesmos sacrifícios e as mesmas festas, impotentes para obter uma salvação perfeita e definitiva, ao passo que o sacrifício de Jesus é perfeito e definitivo, obtendo de uma vez por todas a salvação da humanidade. A expressão "sentou-se para sempre à direita de Deus" (cf. o Sl 110, messiânico-sacerdotal) sublinha a unicidade ("de uma vez por todas") e definitividade do sacerdócio de Cristo e a sua entronização. A sua obra sacerdotal é perfeita e já não precisa de qualquer complemento.
Evangelho (Mc 13, 24-32):
“Sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta”O trecho evangélico dá-nos a conclusão do "discurso escatológico" (= sobre os "Novíssimos" ou últimos acontecimentos) de Jesus. Neste discurso cruzam-se e sobrepõem-se vários elementos: o anúncio do fim do mundo com a "parusia" do Filho do Homem, a exortação à vigilância... Como já se disse a propósito da 1.ª leitura, as imagens típicas do género literário apocalíptico ("naquele dia", "a tribulação", "o filho do homem que vem sobre as nuvens", "o obscurecimento dos astros") não pretendem assustar, mas antes despertar a esperança. Com todos estes materiais, o Evangelista transmite uma mensagem profundamente enraizada na Bíblia e na pessoa de Jesus: o advento do Reino de Deus. Trata-se de uma mensagem de salvação. O cristão deve renunciar a cálculos cronológicos, aplicando cada dia da sua vida em aderir às palavras e ao Evangelho de Jesus, que realizam a promessa bíblica do Reino de Deus, sempre iminente.