16 maio, 2009

A Palavra





Nos dias de hoje, a palavra amor pode confundir-se nas nossas mentes, uma vez que há tantas formas de amar: desde o simples desejo de amar ao amor desinteressado; do amor materialista ao mais espiritual; do amor a si mesmo… O convite é a andarmos mais além: as palavras que Jesus dirige aos seus discípulos são palavras dirigidas também a nós, ao nosso tempo. Por iniciativa de Deus que imprimiu e fez sentir o amor ao longo da história humana é o mesmo amor concretizado em Jesus que nos deixa o seu mandamento: continuar a amar à maneira de Deus, como Ele amou, até ao dom total de si mesmo.
Jesus sabe que dentro de nós, trazemos uma grande necessidade de amor: necessidade de sermos acolhidos como somos, de nos perdermos nos braços da ternura quando estamos longe de casa, de sermos acompanhados com estima e simpatia principalmente quando caminhamos nas perigosas encruzilhadas da vida; necessidade de autêntico afecto, sem medida e sem interesse. Unirmo-nos a Ele, no amor do Pai, é permancermos unidos à videira, à vida que nos unifica por dentro, que sacia a nossa sede e fome de verdade e justiça.
Hoje permaneçerei no sorriso que faço, na escuta atenta das alegrias e tristezas das pessoas que comigo se encontram; hoje permaneçerei na serenidade do diálogo e na partilha da vida que me habita.
Hoje, apostarei numa presença que irradia alegria. Farei de cada instante, não um momento de alegria vã, ilusória e baloufa que derivam do egoísmo e da procura do próprio interesse, mas um momento de manifestação de Deus.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.
Não somos servos ao serviço de um patrão, que não conhecem o projecto ou só externamente o sabem e limitam-se a executar ordens. Somos amigos, confidentes, que vivemos a comunhão de vida e partilha de projectos. Jesus chama-nos amigos porque nos revelou o projecto do Pai e nos chama a colaborar com Ele na realização do mesmo. O amigo não pede o que não dá primeiro, não manda sem que não tenha feito a experiência. Olhando para Jesus conhecemos o Caminho da verdadeira relação com Deus e entre nós.
O que Vos mando é que vos ameis uns aos outros.
O amor é dado de mãos cheias para que cada um de nós encontre em Jesus a plenitude da vida.
«O amor de Deus não conhece limites e confins de qualquer espécie, mas supera o tempo e espaço. Ultrapassa qualquer barreira de raça, de cultura, de nação e de fé. O amor é eterno: tudo passa, mesmo a esperança e a fé, mas o amor permanece sempre. Nem mesmo a morte o pode apagar, pois este é mais forte que ela.»
O convite é sempre antigo e sempre novo: viver a partir do Amor. A capacidade de olhar o outro/ o irmão nos olhos e dizer-lhe «Quero-te bem» mesmo quando não estamos de acordo sobre pensamentos e modos de fazer, é sinal de quanto nos sentimos amados.
Amar, é capacidade de sairmos dos nossos esquemas e dos nossos pontos de vista… amar é procurar e desejar o bem do outro. É uma experiência que nos leva a transformar os inimigos em amigos, a ser e a viver em comunhão com toda a criatura. «Quem não ama permanece na morte» (1Jo 3, 14) e não «na casa» que é Cristo. A nossa fé manifesta-se no amor por Deus e pelos irmãos. Se o amor não gera alegria não vem de Deus, fecha-se em si mesmo e não cria reciprocidade e fraternidade. Se como cristãos deixamos morrer o fogo do amor que Deus acendeu em nossos corações, o mundo morrerá de frio! Então será bom questionarmo-nos: O que entendi do mandamento do amor? Como o vivo?


Padre Amaro Jorge scj