21 setembro, 2008

A Palavra

Na Vinha
A Liturgia nos leva a refletir novamente sobre a Igreja (O que é a Igreja?), na qual somos convidados a trabalhar. Qual será o critério de Deus no "pagamento" pelo trabalho nela realizado.
As leituras bíblicas dão pistas para a resposta.
Na 1ª Leitura, Isaías lembra que os pensamentos e os caminhos de Deus nem sempre coincidem com os nossos. Deus não julga pela eficiência, mas pela necessidade...Deus mede muito mais pelo amor, do que pelo produto realizado.
A 2ª Leitura apresenta o testemunho de Paulo, que fez de Cristo o centro de sua vida.
"Para mim o viver é Cristo, e o morrer um lucro".
O Evangelho destaca que Deus oferece a Salvação a todos, sem considerar os anos de serviço,
ou os créditos pelo trabalho realizado.
O que é que a PARÁBOLA quer dizer?
Para Jesus, que era criticado porque acolhia os pecadores e os publicanos, o Reino de Deus é para todos; não há excluídos, indignos, desclassificados. Para Deus há pessoas a quem ele ama, a quem ele oferece a salvação e a quem ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa realmente decisiva é se os convidados aceitam ou não trabalhar na sua vinha.
Para Mateus, que escrevia para judeus convertidos ao cristianismo, os primeiros trabalhadores chamados eram os cristãos oriundos do judaísmo; os últimos eram os não-judeus, isto é, todos os homens.
Para Deus, não há Judeus ou gregos, escravos ou livres, cristãos da primeira hora ou da última hora. Não há graus de antiguidade, de raça, de classe social, de merecimento…
Todos são filhos amados do mesmo Pai.
Para nós, Cristo continua a convidar: "Ide também vós para a minha vinha".
Muitos ouviram o chamamento de Deus logo no alvorecer de sua existência; outros escutaram este apelo no vigor da juventude; outros apenas na idade madura ou bastante avançada...
Deus não pensa como nós, Deus não olha o tempo... mas a atitude pronta e generosa de nossa resposta... Não paga pela eficiência, mas pela necessidade... Mede muito mais pelo amor, do que pelo produto do mesmo.
- Diante da recompensa gratuita e universal de Deus, qual a nossa atitude?
Alegramo-nos com o amor de Deus que acolhe a todos? ou deixamo-nos levar por sentimentos de inveja ou ciúmes? ou consideramo-nos merecedores de direitos, ou "privilégios"?
- Como explicar essa aparente injustiça de Deus?
Humanamente é difícil entender... só entenderemos numa visão de fé, numa visão segundo os critérios do Evangelho. Quem trabalha para o Reino de Deus, deve fazê-lo por amor.
E quando alguém faz por amor não se interessa pela recompensa... pelos elogios... pelo pagamento... A fidelidade ao Senhor já é uma recompensa....
Que pensar dos que se sentem "donos" da Comunidade, porque estão há mais tempo do que os outros, ou porque contribuíram para a Comunidade mais do que os outros?
Na Comunidade de Jesus, a idade, o tempo de serviço, a posição hierárquica, não servem para garantir direitos, privilégios ou superioridade. Embora com funções diferentes, todos são iguais em dignidade e todos devem ser acolhidos, amados e considerados de igual forma.
Se na Vinha do Senhor há lugar para todos, por que muitas pessoas continuam "desempregadas"?
Será que não há trabalho para elas?
Será que não tiveram oportunidade, "porque ninguém as contratou"?
Não será antes que elas se acomodaram, não querendo comprometer-se, satisfeitas com uma vivência cristã de alguma prática religiosa mas sem querer sujar as mãos com os problemas dos irmãos?


Padre Amaro Jorge scj