13 setembro, 2008


"Exaltação da Santa Cruz"


Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado nem teria atraído todos a si
A festa da Exaltação da Santa Cruz é a festa da Exaltação do Cristo vencedor da morte e do pecado por seu corpo dado e sangue derramado no alto da cruz. Para o cristianismo a cruz é o símbolo maior de fé, com cujos traços todos nós nos persignamos desde o momento do levantar até o deitar a cada dia. Na cerimónia baptismal o primeiro sinal de acolhida à criança recém-nascida é o sinal-da-cruz traçado em sua fronte pelo Padre, Pais e Padrinhos, sinalando-a para sempre com a marca de Cristo.

A cruz recorda o Cristo crucificado, o sacrifício de sua Paixão, o seu martírio que nos deu a salvação. Por isso é que, desde tempos antiquíssimos, a Igreja passou a celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive, como símbolo da árvore da vida que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, e símbolo mais perfeito da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto para curar os israelitas picados pelas cobras porque O Filho do Homem nela levantado cura o homem todo e todos os homens, o corpo e a alma dos que nEle crêem e lhes dá a vida eterna.

A serpente do paraíso trouxe a infelicidade a este mundo com o engodo da igualdade divina com que incitou os pais da humanidade a comerem o fruto da árvore proibida (Gn 3,17-19), e as do deserto provocaram a morte dos filhos de Israel que reclamavam contra Deus e contra Moisés (Nm 21, 4-6). Arrependendo-se do seu pecado, o povo pediu a Moisés que rogasse ao Senhor para livrá-los das serpentes. O Senhor, que é bom e misericordioso, sempre pronto a perdoar, ordenou a Moisés que erguesse no centro do acampamento um poste de madeira com uma serpente de bronze pendurada no alto, dizendo que todo aquele que dirigisse seu olhar para a serpente de bronze se curaria (Nm 21,8-9).

Jesus retoma esses símbolos do passado bem conhecidos pelo povo (serpente, árvore, pecado, morte) para dizer no Evangelho da Liturgia da festa (Jo 3,13-17) que no lugar da serpente de bronze pendurada no alto de um poste de madeira Ele mesmo é quem seria levantado no lenho da cruz. Se o pecado e a morte advieram da insídia e veneno do demónio, nos símbolos da árvore proibida e da serpente do paraíso e do deserto, a bênção, a salvação e a vida eterna advêm do Cristo levantado no alto da cruz de onde Ele atrai a si os olhares de toda a humanidade. Eis porque a Igreja canta na Liturgia Eucarística da festa: “Santa Cruz adorável, de onde a vida brotou, nós, por ti redimidos, te cantamos louvor!” e na Liturgia das Horas: “Mais altaneira do que os cedros, ergue-se a Cruz triunfal: não traz um fruto de morte, traz a vida a todo mortal”